Consciência
conhecimento não é aquilo que aprendemos ... mas sim no que nos tornamos

POPULATION AND METROPOLIZATION

POPULATION AND METROPOLIZATION
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Gaia e SDi

Gaia e SDi

uma escalada improvável tornada possível sem pontos de apoio


Por isso eu pude observar muitas e muitas pessoas a escalarem as paredes nível 3,4 ,5 ,6 e 7. Nunca pensei em encontrar tantas pessoas das mais variadas nacionalidades nesta actividade. Vim a saber que chegam a muiotas dezenas todos os fins de semana e de vários países.

O curioso é que entre os meus amigos foi logo decidido por eles, em vez de tornear as "fenda" em 300 metros difíceis de fazer, dizia eu, optou-se pelo baptismo logo com uma descida pela corda numa "frente" de mais de 20 metros de altura. Só me disseram... inclina o corpo como se estivesses deitado e deixa-te ir ... e ficaram olhando para mim.

Por mim fui para a frente ... e num ápice desci aquela imensa parede de calcário e vi-me no fundo da ravina rodeado por um mundo nunca imaginado, o submundo dos escaladores das paredes impossíveis.

Quando cá em cima já tinha ouvido e acompanhado uma espanhola que tentava subir e subiu uma escarpa de nível 6, bastante difícil e que mais tarde iria eu também tentar. Só a ouvia-mos dizer «puta madre» enquanto o parceiro cá em baixo aguentava a corda.

O que posso dizer de 6 a 7 horas em que me vi a tentar agarrar com as mãos e os pés ás mais pequenas saliências da rocha que muitas vezes por mais que imaginadas não existiam. Há pessoas que faziam muralhas quase sem apoio ... impressionante, so vendo.

Admirável ... é o equilíbrio ser feito em certas subidas com as pernas, outras com a força das mãos, e outras ainda numa combinação entre as mãos e as pernas. O controlo, a precisão da concentração e por outro lado da abstracção e a conversa simples da ajuda "pôe mais á esquerda, cuidado com as pernas, etc ..." e o profile de "escalador" são algumas das coisas mais determinantes na subida e no gozo de superar.

Vi quedas grandes suspensas pelas cordas a grandes alturas... numa delas uma pedra de quartzo em forma de gume caiu mesmo á nossa frente, quando no topo da montanha um jovem tentava agarrar-se ao que não existia, que era pontos de aderência. A jovem que nos acompanhava sussurou que Deus tinha estado connosco.

Os sapatos também são especiais, com um dedo do tipo "china antiga" e quanto mais apretado mais seguro ... e soube que dos convidados por estes meus amigos é raro os mesmos tentarem segunda vez ... Por mim julgo que voltarei novamente para testar a força e a inteligência na subida agora mais esclarecido. Claro que vou cair novamente e ficar todo arranhado e ficar bamboleando na corda até ganhar forças para me agarrar á pedra novamente. Haver vamos ...

Fiz 3 a 4 subidas incompletas e sempre caia e voltava a tentar e caia novamente e os meus braços ficaram inchados de tanta força, as pernas já não as sentia apesar de ser "mimado" pelos que cá em baixo me acompanhavam tentando ajudar.

De resto o sentido de profissionalismo, da atenção e amizade, a simplicidade foi o que encontrei por todo o lado, especialmente nos meus amigos Búlgaros que simpaticamente falavam num português quase perfeito só para não me porem de parte. Daniel, Tatiana e Pepe. São calados ... mas sente-se a honestidade em tudo o que dizem, são espontâneos e culturalmente mais evoluídos do que a média Potuguesa.

No fim fiquei feliz ... e a última subida fi-la em toda a altura quase sem respirar... mas fi-la em parede comprida e infindável.



O objectivo nunca foi subir para alcançar logo numa primeira vez... o objectivo foi percepcionar, sentir e perceber a rocha, os seus buracos que nos faltam sempre para os dedos das mãos e dos pés e saber até onde iria e especialmente sentir aquele momento da desistência e da queda. É lindo não aguentarmos ... eu sei que contrario todos que acham que é lindo superar logo no ínicio. É simplesmente uma falsa questão ... ninguêm supera sem se dedicar ... sem a vontade e a descontração de viver aquele momento.É preciso insistir e insistir ... muito...até se chegar ao domínio de qualquer coisa.

Para mim este momento da queda é tão fundamental como o alcançar o cimo da encosta ... pois nos confronta com o nosso espírito, com o empenho e o que tentamos melhorar...e nos ensina a percorrer o caminho. A desistência é claro o mais fácil ...

No fim de tudo, entrei em casa e adormeci no chão da sala, no chão só fui despertado mais tarde por um filme completamente maluco, porque adoro cinema e histórias de boa qualidade. Fiquei-me a ver a história

Porém neste fim de semana ainda me faltava o dia seguinte: uma aula especial a que dera o consentimento e a anuência da minha presença - Yoga durante 4 a 5 horas para os avançados !!, que vieram a acontecer de uma forma muito mais profunda como prática mais elevada e pura com técnicas que desconhecia.

Também foi fantástico ... simplesmente, eu que ainda ando no inicio dos inícios e que só a a minha alegria se estabelece como diferença, porque de resto ainda que a evolução se tenha dado de uma forma gradual a bom ritmo quanto ás assanas e aos mantras e posturas e saudações ao Sol, ainda tenho muito a percorrer, o que não me preocupa absolutamente nada. O objectivo é estar bem como sempre e fazer rir e rir-me de mim próprio.

Estar nas coisas ou saber desistir delas é uma boa prática. Nem sempre acertei no timing ou na decisão, mas com o tempo aprendi a continuar no que quero ou a parar simplesmente o que não desejo.


SM, palavra fractal