Mãe de Angola
"
Pôs na cabeça
Rodilha de pano
E pano estampado
Rodilhando o ventre
Pôs na rodilha
Um balde com água
Pôs água a caminho
Nos trilhos que trilha
Traz às costas um filho
Amarrado a um pano
E na frente do ventre
Um feito por engano
Traz no peito amargura
Traz fome e nudez
Traz sequelas da guerra
Junto à viuvez.
Mas quando a manhã
Ao respirar paz
Pôs a dança fugaz
Na gente do bairro
Pôs a mão no ventre
E gritou monami
A dor de sofrer
Se esqueceu de doer.
"
Poesia duma mãe à entrada de Luanda 1992
Aster