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POPULATION AND METROPOLIZATION

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Gaia e SDi

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DARFUR - Não. “É o petróleo, estúpido.”









AUTOR: F. William Engdahl, 20 de maio de 2007
Traduzido por Omar L. de Barros Filho

Para parafrasear a famosa piada durante os debates presidenciais dos EUA, em 1992, quando um desconhecido William Jefferson Clinton disse ao presidente daquela época, George Herbert Walker Bush: “É a economia, estúpido”, a preocupação do atual governo, em Washington, por Darfur, no sul de Sudão, não é, se a olhamos mais de perto, uma genuína preocupação com o genocídio das populações naquela parte mais pobre de uma parte pobre de uma desamparada região da África.

Não. “É o petróleo, estúpido.”

Trata-se de uma história de dimensão cínica apropriada para um governo em Washington que não mostra consideração por seu próprio genocídio no Iraque, quando o assunto envolve o controle sobre importantes reservas de petróleo. O que está em jogo na batalha por Darfur? O controle sobre o petróleo, muito, muitíssimo petróleo.

O caso de Darfur, um proibido pedaço de terra ressecada pelo sol na parte sul do Sudão, ilustra a nova Guerra Fria pelo petróleo, na qual o dramático aumento da demanda de petróleo na China, para alimentar seu explosivo crescimento, levou Pequim a embarcar em uma política agressiva de – ironicamente – diplomacia do dólar. Com seus mais de US$ 1,3 trilhões em reservas, principalmente em dólares americanos, no Peoples’ National Bank of China, Pequim está empreendendo uma ativa geopolítica de petróleo. A África é um centro importante, e na África, a região central entre o Sudão e o Chade é a prioridade. Isto define uma importante nova frente que representa, desde a invasão do Iraque pelos EUA, em 2003, uma nova Guerra Fria entre Washington e Pequim pelo controle de importantes fontes de petróleo. Até agora, Pequim jogou suas cartas com um pouco mais de esperteza que Washington. Darfur é o mais importante campo de batalha nessa competição pelo controle do petróleo, em que há muito em jogo.


Riquezas petrolíferas de Sudão

A CNPC de Pequim é a maior investidora estrangeira no Sudão, com cerca de cinco bilhões de dólares aplicados no desenvolvimento de campos petrolíferos. Desde 1999, a China investiu pelo menos US$ 15 bilhões no Sudão. Possui 50% de uma refinaria de petróleo perto de Cartum em sociedade com o governo sudanês. Os campos petrolíferos estão concentrados no sul, onde ocorre uma guerra civil que ferve em fogo baixo há tempo, financiada pelos EUA, em parte clandestinamente, para separar o sul do norte islâmico centrado em Cartum.

A CNPC construiu um oleoduto a partir de seus blocos de concessão 1, 2 e 4 no sul do Sudão, até um novo terminal em Porto Sudão, no Mar Vermelho, de onde o petróleo é embarcado para a China em navios tanques. Oito por cento do petróleo chinês provém agora do sul do Sudão. A China recebe entre 65% e 80% dos 500.000 barris de petróleo por dia produzidos pelo Sudão. Esse país foi, no ano passado, a quarta fonte chinesa de petróleo estrangeiro por seu tamanho. Em 2006, a China ultrapassou o Japão para se converter no segundo importador de petróleo do mundo, depois dos EUA, importando 6,5 milhões de barris do ouro negro por dia. Com o crescimento de sua demanda de petróleo, que se calcula em 30% ao ano, a China ultrapassará os EUA na demanda de importação de petróleo em poucos anos. Essa realidade é o motor que impulsiona a política exterior de Pequim na África. Um olhar sobre as concessões petrolíferas no sul do Sudão mostra que a CNPC chinesa tem direitos sobre o bloco 6, que se estende em Darfur, da fronteira com o Chad e a República Centro-Africana. Em abril de 2005, o governo do Sudão anunciou que havia encontrado petróleo no sul de Darfur, onde se estima que poderá bombear, quando estiver desenvolvido, 500.000 barris por dia. A imprensa mundial esqueceu de mencionar esse fato vital ao informar sobre o conflito de Darfur.

SM, palavra fractal