emergentecomplexo: Nuvens. ..Nuvens ... Nuvens ... Nuvens ...

ou um sentimento grato de estar incógnito na internet ... viva a solidão digital

Em míudo era por vezes severamente castigado .... naquele tempo das reguadas. O motivo quase sempre .... era porque os meus olhos estavam perdidos na janela ... ansiando liberdade.

Um vez parti um braço ... caindo lá das alturas duma amoreira ... e o Pai de um amigo acercou-se e perguntou-me se estava bem ... disse-lhe que sim, agarrei noo braço com a mão esquerda e ao chegar a casa disse, mâe acho que parti o meu braço.

Na escola ... estava sempre a olhar para a rua ... e uma vez em que não dava para disfarçar o sangue das 24 reguadas recebidas... minha mâe apanhou-me. Naqueles tempos uma mãe dirigir-se á escola e dizer à minha frente ... que nunca, nunca mais mesmo tentassem bater em mim ... que ela armaria um escandâlo como nunca tinham tido...foi de coragem. Sossegaram ... e eu fui continuando a olhar para a rua sonhanho sempre ....

No liceu também ... e ainda hoje em dia o meu olhar perde-se com frequência para além das coisas ... aquela abstração no lapso do pensamento que me deixa ficar por ali.

Por isso o meu amor pelas nuvens ... o meu colega de avião passava-se ... mas curiosamente tudo o que eu fazia, comia, cheirava, descansava, bebia ... tudo mas... tudo me copiava...e eu deixava. Ás vezes dizia assim ... quero este bom vinho ... e logo ele pedia o mesmo vinho tinto, mas eu na brincadeira ... indicava para ele ser servido e depois desculpava-me que queria antes champanhe. Até ali tinha de haver brincadeira minha .... estava-o sempre a enganar. Se descalçava as meias de um pé ... ele seguia, mas demorava um pouco e depois de ele descalço voltava-me a calçar ... e olhava sorridente e continuava a tirar fotos ás nuvens.