O ouvinte

Quando todos esperam mensagens e elas nos são internas, como nuvens em formação sem conhecerem o seu destino. A palavra não constitui o enigma principal, mais talvez o erro de emissão ou da intrepretação.

Por vezes palavras são as dos outros que se encontram cá dentro e ao falarmos delas as exprimimos como nossas também, replicando-as. Por isso há poetas, escritores, homens e mulheres hábeis em em exprimir a vivência, a realidade, o contar emocional e todo o género humano de acontecimentos.

Poucas palavras de livros leio agora, sou incapaz de ler notícias em jornais, torno-mo preguiçoso na Internet em explicações longas, ou seja possivelmente nunca leria isto que escrevo e a única coisa que me distrai verdadeiramente são os filmes que por qualquer coisa me chamem a curiosidade e por isso não dispenso os vários canais de filmes.

No entanto é com as imagens que continuo porque sem terem a força de uma nuvem formada e nos poder assim fustigar a cara com a sua natureza húmida de águas do céu, as imagens movimentam-se em mim duma intuição nem sempre confirmada,incerta, navegante, mas que me ilumina nesse preciso momento ... ai ... que maravilhoso.... meu Deus ... que lindo, qual antecâmara do sonho em que todos os pensamentos imaginados são maravilhosos, para no dia seguinte nos terem parecido uma leve malha de nevoeiro de um sonho bom acordado.

As imagens e especialmente o mundo antigo delas, são os meus recortes ... a sintonia em que dia após dia navego á noite numa procura inacabada, mas sempre persistente de semanas, meses e de repente num espaço feliz a contemplação e a alegria do que nunca se imaginou ver e especialmente a beleza da criatividade pessoal e interioridade daquela pessoa e do que nos transcende, nos ilumina.

As palavras são o meu mundo calado, acabado ... num universo em que nos enredamos por trivialidades como os outros ... ou por vezes num ponto contrário ao anterior, pela sagacidade dos grandes homens com as suas fantásticas e iluminadas observações mas que quase ninguém interioriza, porque não é fácil integrar, ser e libertar das malhas dos hábitos.

Por acaso por palavras quantos e quantos livros de homens mágicos que foram para além da compreensão comum, que ultrapassaram a consciência e egos pessoal entre tantas outras libertações, como a prisão do pensamento, o estereotipo e o desejo ... mas quantas vezes eles não nos dizem por vezes quase que exasperados (!!!) ... vocês se fizerem assim, se vós pensardes em não querer, se vós mantiverdes a atenção e a libertação, se vós me podesseis ao menos entender? Por isso a fé que ultrapassa o conceito de religião é tão poderosa. Integra no ser.

Que palavras são estas senão as dos outros, de outras realidades, de outras verdades de vida ....

que podendo vir a entrar, a serem integradas em cada um ... possuem quase sempre uma disciplina e um processo lento, difuso e nem sempre chega ao mesmo destino, pois trata-se de um destino nosso e não da mente do outro ...

Palavras que parecem certas, mas no fundo são cruamente menos fortes que as imagens, pois as imagens sendo reais, nos deixam os tons, se misturam com o estar do dia, dos encontros, das cores da vida... enquanto que as palavras geralmente expressam mais vezes o nosso querer e a nossa luta diária do que o estar verdadeiro íntimo, a cumplicidade, a amizade e o encontro da palavra e do silêncio e especialmente do ouvir.

Para isso há os seus profissionais ... e escrever para estes insanos aprendizes como eu mais não é do que o abrir duma caixa de pandora.

sm, palavra fractal